COMEMORAÇÕES DOS 140 ANOS


O Conselho de Administração e os restantes Orgãos Sociais de A “Benéfica e Previdente” – Associação Mutualista decidiram comemorar, durante o ano de 2018, o 140.º Aniversário da Associação Benéfica de Empregados de Comércio do Porto, criada por Alvará Régio, em 15 de Fevereiro de 1878.

O Programa das Comemorações que vão decorrer durante todo o ano, subordinado ao lema, “Inovar o Mutualismo no Século XXI – Novos Desafios – Novas Respostas”, iniciou-se com uma Sessão Solene no dia 23 de Fevereiro, no Grande Auditório da Atmosfera M no Porto, que esgotou a sua lotação com a presença de associados, trabalhadores e técnicos da Associação, Associações Mutualistas, representantes das Juntas de Freguesia do Centro Histórico, Bonfim, Campanhã, Paranhos; Vereadores da Câmara Municipal do Porto, deputados da Assembleia Municipal do Porto, Director do Centro Distrital do Instituto de Segurança Social do Porto, Presidente da UDIPSS, Padre José Lopes Batista, Vice-Presidente do Centro Internacional de Estudos da Economia Social e Pública, Dr. José Pitacas, e Direcção da Associação Mutualista Montepio Geral, Dr. Carlos Beato, entre muitos outros ilustres convidados.

Na Sessão Solene honraram-nos com a sua presença e o conteúdo das suas sábias comunicações os prestigiados oradores: o Senhor Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Dr. José Vieira da Silva; o Senhor Presidente da Câmara Municipal do Porto, Dr. Rui Moreira; o Presidente da Assembleia Geral da A “Benéfica e Previdente”, Dr. José Azevedo; a Presidente do Conselho de Administração da A “Benéfica e Previdente”, Dra. Paula Roseira; o Presidente do Conselho de Administração da Associação Mutualista Montepio, Dr. António Tomás Correia; o historiador Dr. Joel Cleto; o Presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, Padre Luis Maia; e o Presidente do Conselho de Administração da Associação Portuguesa de Mutualidades, Dr. João Marques Pereira.

A Presidente do Conselho de Administração da A “Benéfica e Previdente” Dra. Paula Roseira na sua comunicação na Sessão Solene saudou todos os ilustres convidados, os associados, principal razão do ser da Associação, os trabalhadores e técnicos da Associação responsáveis pelos serviços prestados e pela sua reconhecida qualidade, historiou de forma sintética os 140 anos de vida da Associação Benéfica de Empregados de Comércio do Porto, o processo de fusão com a Previdente Associação de Socorros Mútuos em 2002, o percurso recente da nova Associação Mutualista A “Benéfica e Previdente” e o seu novo estatuto de IPSS.
Pela sua relevância, vamos apenas transcrever a parte da comunicação onde são abordados os novos desafios e as novas respostas neste início do século XXI.

…” Chegámos ao séc. XXI e surgem novos e desafiantes apelos da sociedade civil. Citando o Papa Francisco que afirma “que à globalização dos mercados é preciso que corresponda a globalização da solidariedade, o crescimento económico deve ser acompanhado por um maior respeito pela criação e, juntamente com os direitos individuais hão-de ser tutelados também os direitos das realidades intermédias, entre o individuo e o Estado.

Em 2007, a convite da Câmara Municipal do Porto chegamos ao Porto Oriental com a assunção da direção da Casa das Glicínias: equipamento social na freguesia de Campanhã, onde intervimos através de várias valências e atividades sociais.

Em Dezembro de 2015, através de protocolo celebrado com a Segurança Social e o Agrupamento da União de Freguesias do Centro Histórico do Porto, Cedofeita e Sto. Ildefonso, assumimos novas responsabilidades na direção de valências sociais vocacionadas para crianças e idosos.

Em Julho de 2016 integramos o programa “Porto Abrigo” patrocinado pela Câmara Municipal do Porto, cedendo dois apartamentos para alojamento de longa duração de “cidadãos sem abrigo”.

Em setembro de 2017 celebramos um acordo com a Junta de Freguesia de Campanhã e a Câmara Municipal do Porto para um projeto piloto de integração de idosos, sem retaguarda familiar, que aguardam habitação social e residem em habitações precárias. A Benéfica assume, sem qualquer comparticipação extra, a gestão da casa e o apoio social desta Residência Sénior Partilhada.
A proteção social que, no passado, começa por ser uma decorrência da prática da caridade evolui para uma consciência vital da importância da associação de pessoas.

A matriz de uma Mutualidade assenta no reconhecimento do mútuo:

O meu é teu; eu estou disponível; juntos somos mais fortes e reforçamos a proteção.

A Associação foi confrontada com novos desafios, nomeadamente no que concerne a problemas existentes e emergentes, e à necessidade de repensar e recriar a sua intervenção como Associação mutualista da cidade.

Falamos essencialmente de necessidades sociais, relacionados com situações de carência material, nomeadamente pobreza, pobreza envergonhada e mesmo fome, assim como isolamento social.

As circunstâncias da vida, as desigualdades económicas e sociais, expõem os cidadãos a mais problemas, enquanto os seus recursos insuficientes os impede de os enfrentar. Vivenciam diversos desafios em simultâneo, sobrevivem com parcos rendimentos, têm naturalmente a cargo familiares dependentes e/ ou com problemas de saúde, apresentam baixa escolaridade, vivem em condições precárias, e encontram-se desempregados ou com empregos precários.

Para a criação efetiva das respostas adequadas aos problemas dos associados e utentes a nossa Associação desenvolve uma intervenção norteada pela proximidade com os beneficiários, passando pela compreensão da realidade do individuo no seu âmbito familiar, bem como interpretar os fenómenos sociais a eles subjacentes.

Trabalhamos respostas concretas a problemas sociais efetivos com que se tem debatido a sociedade portuense.

A Associação tem investido na criação de redes sociais e institucionais de forma a partilhar experiências, dificuldades, metodologias e saberes técnicos entre instituições públicas, privadas, e do terceiro setor social e solidário, assumindo-nos como uma força impulsionadora desta metodologia de intervenção e sobretudo de reflexão sobre a própria intervenção.

A sustentabilidade das nossas Organizações é uma exigência da Sociedade Civil. Com o estatuto de IPSS’s gerimos de forma racional e eficiente dinheiros públicos através de acordos de cooperação que fazemos com o Estado para desenvolvimentos das respostas sociais.

Queremos um Estado fiscalizador, que separe o trigo do joio, mas que permita um trabalho mais centrado no cidadão e utente, do que em trabalho burocrático de gabinetes e computadores. A solidariedade só tem valor quando concretizada em atitudes inseridas em processos de transformação social, de promoção da dignidade humana e de afirmação de plena cidadania.

Somos uma grande empresa? Não.

Buscamos o lucro sob o manto da inovação social? Não!

Somos uma Associação Mutualista que presta Apoio e serviços aos associados a que acresce uma forte intervenção social na cidade do Porto.

Lutamos internamente para que todas as valências sociais apresentem resultados positivos, apesar da exiguidade do orçamento imposto pelo Estado.

Mensalmente temos 5.000 pessoas envolvidas nas nossas atividades. Os nossos trabalhadores e técnicos sabem das dificuldades que são de todos. Os recursos humanos são insuficientes e, por limitação dos orçamentos, os salários da maioria dos trabalhadores e técnicos altamente empenhados na área social são baixos. Os cuidados dos idosos e das crianças conflituam com os baixos rendimentos das famílias.

Todos os dias acordamos predispostos a fazer melhor, a servir o outro, preparados para estar ao serviço do Bem Comum. Fazer bem não é Fazer mais caro!

Particularmente no cuidado ao idoso, uma das nossas prioridades de hoje; as estatísticas oficias ditam que no Porto 26% dos cidadãos têm mais de 65 anos. Estamos a estudar novas formas de estar mais próximo dos nossos beneficiários.

– Criar um serviço de voluntariado social que faça a ligação com os nossos trabalhadores e técnicos e encurte as horas de solidão e isolamento dos Mais Velhos;
– Formar mais e melhor os cuidadores;
– Estudar um serviço de Apoio Domiciliário noturno;
– Fazer parceria com a Universidade para permitir que as novas tecnologias estejam ao serviço destes cidadãos;

Enfim fazer melhor sabendo que os custos vão ser maiores pois a qualidade obriga a uma diferenciação e uma intervenção de especialistas (psicólogos, terapeutas, animadores sociais, profissionais de múltiplos setores..) Termino citando Almada Negreiros “Quando eu nasci as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa – salvar a humanidade”.